Acabo de rever o primeiro filme da coletânea, que havia assistido há um mês atrás, desde quando estas imagens me acompanham. E nessa volta a Godard, compreendi desse diretor, que ainda vive e transpira cinema (crítica, política e filosofia), um pensamento triste em um fluido e belo corpo de imagens, de sons e palavras, as escritas na tela e as ditas. A forma e o som das palavras. O som da máquina de escrever elétrica e do filme passando na moviola. Da trilha sonora. A imagem e a voz de suas interpretes e a de Godard, que sussura e se mistura com todas as outras.
Por vezes, isso não é nada audível, mas vísivel, extremamente sensível. Esse corpo de imagens que nos fala sobre a história do cinema e da humanidade. Essa fábrica de sonhos que nos faz sonhar. Somos seu sujeito e estamos sujeitos a ela.
Muitas vezes, tenho a impressão de que vivemos como num eterno ensaio de orquestra de Fellini. Somo seus instrumentistas perdidos e cansados, regidos pela ordem da autoridade maior do dinheiro, de uma carga de trabalho excessiva e pela falta total de tempo, de vida, de música. Mas em momentos da extrema confusão e desespero, conseguimos resgatar o que há de mais harmônico de dentro de nós e tocamos, a música mais linda, que, ao seu término, esquecemos.
Nos dias de hoje e sempre, desde quando o mundo é representado pela imagem da TV, nossa memória é efêmera e vaga, por onde a música e as palavras não têm tanta importância. Do que se diz ao que realmente acontece. Em nome da paz, faz-se a guerra. Somos esse misto de crueldade e sonhos. De realidade(s) e imagem.
Virtual Ritual
Há um ano
Um comentário:
Gostei muito do que escrevestes. Gostaria de sempre me deliciar com a tua sensibilidade lendo o que postas no blog. Parabéns e obrigada por dividir este sentimento comigo. beijos tua amiga.
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