Sábado, dia 6 de novembro, acontece o encontro do montador e professor Milton do Prado com o cinema de Jean-Luc Godard. Símbolo da Nouvelle Vague, na década de 60, Godard tratou a arte, a política, o consumo, os mitos e a religião como linguagem, revolucionando a história do cinema. De personalidade inquieta, o cineasta, autor de obras como Acossado e Je Vus Salue, Marie, mudou várias vezes junto com o seu cinema, mantendo sempre a obsessão pela desconstrução das narrativas tradicionais. Na ocasião, haverá a exibição do filme O Demônio das Onze Horas (Pierrot Le Fou, 1965), seguido de debate.
Segundo Milton, Godard se firmou na história do cinema como um iconoclasta. Intelectual e militante, o cineasta franco-suíço definiu, como um dos membros mais ativos da Nouvelle Vague, vários dos traços transgressores associados ao grupo. Isso o faz ser geralmente lembrado pelas rupturas que promoveu, mas nem sempre por uma de suas mais marcantes qualidades: a de construtor de formas. O encontro servirá para entender e discutir sobre a técnica e o processo de montagem de Jean-Luc Godard.
Contaminando o cinema com a literatura, a pintura, a pop art, o vídeo, a música, entre outras manifestações, Godard expandiu os limites da expressão fílmica como poucos, traçando um dos mais ricos percursos cinematográficos que se tem conhecimento. Esse trajeto expressivo sempre teve na montagem um aliado poderoso, dos cortes abruptos de Acossado (À bout de souffle), passando pela colagem de O Demônio das Onze Horas, até chegar em projetos mais ambiciosos como a série História(s) do Cinema.
Milton do Prado trabalha com montagem cinematográfica desde 1997. Natural de Aracaju (Sergipe), a faculdade de Jornalismo o trouxe a Porto Alegre e para os primeiros estágios em cinema. Dirigiu um curta, "O Velho do Saco", com Amabile Rocha, mas foi na montagem que sedimentou seu trabalho. Atualmente é montador, professor do Curso de Realização Audiovisual da UNISINOS, faz mestrado em Film Studies na Concordia University (Montreal) e já ministrou curso sobre a Nouvelle Vague. Colunista do blog “Amor Louco”, de sua autoria, e da Revista Teorema. É responsável pela montagem do longa-metragem “A Última Estrada da Praia”, de Fabiano de Souza, lançado este ano no Festival de Gramado.
O projeto Olhares Sobre o Cinema acontece há três anos, com o objetivo de refletir sobre o cinema, narrativas e técnicas. Tem apoio da Associação Amigos do Museu Julio de Castilho, sendo realizado pela produtora Curta o Circuito Produtora, em parceria com o Museu Julio de Castilhos e Secretaria do Estado da Cultura.
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