Isabel Ferlini*
Dúbio até no título, ‘O Discurso do Rei’ (The King’s Speech) pode ser apreciado por dois prismas. Um, sobre George 6º, rei da Inglaterra entre 1936 e 1952, que enfrentou sucessão complicada, avanço do nazismo e decadência do Império Britânico; mas o fio condutor é sua luta contra a gagueira, com mérito à dedicação da esposa. O outro, sobre o discurso (e papel) da monarquia, Igreja (Arcebispo Cosmo Lang) e governantes. Além, ainda, da imprensa que vive a era do rádio.
Escândalos e artimanhas governamentais trabalham para o irmão abdicar do Trono, assumindo George (Colin Firth), em seu lugar. No caminho, porém, há um empecilho. Abusos cometidos na infância, para consertar as falhas morais e do físico, fizeram de George, gago. Numa época que os discursos passam a ser transmitidos ao vivo pelo rádio, George precisa curar-se para representar aquele que deve ser o Rei. “Não posso criar impostos, mas devo ser aquele que representa unidade do meu povo.”
O ruído na comunicação tem ênfase tanto no discurso, quando nas relações políticas e íntimas da família Real. A angústia da falta de intimidade familiar tem seu ápice na cena em que o pai (Rei George 5º) debilitado intelectualmente, olha para George (Colin Firth), como quem o sente, mas não é capaz de dizê-lo. O irmão chora nos braços da mãe a morte do pai. Com as mãos em suspenso no ar e sem demonstrar qualquer comoção, a Rainha mãe permanece. George reprime o irmão pelo ato.
O personagem de Lionel Logue, o terapeuta encontrado nas páginas amarelas, chega para dar leveza e transformar o drama num alívio cômico. A partir daí, é só deleite. Diálogos ricos de sutilezas vão beliscando a monarquia e o papado, ao mesmo tempo em que nos preparam para o triunfo de George. E, por esses momentos, vale o filme.
*produtora e idealizadora do CICLO OLhares.
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Há 2 anos
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