terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Les Herbes Folles















Não acredito nas fórmulas mágicas ou descrições analíticas, unilaterais, com ou sem estrelinhas, para definir um bom filme. Mas por mais cética que seja, sei que elas existem e influenciam bastante a ida do público ao cinema, mesmo daqueles que sabem um pouco mais sobre o assunto.
Sábado passado fui ver "Ervas Daninhas", de Resnais. Aos que me perguntaram sobre o filme, eu disse "uma fantástica luminária verde sobre o azul". Já quem estava comigo, viu o vermelho, o fascinante e sonhador cabelo vermelho. Tenho que revê-lo urgentemente. Contudo, se dependesse do trailer, eu não teria visto o filme. Mas por algum motivo nada convencional, lá estava eu, na sala de cinema.

Pós filme, essa situação me fez pensar em Van Gogh. A primeira vez que vi um de seus quadros ao vivo, não era um dos que mais gostava. Mas ainda assim, me causou impressões que tão pouco soube definir. A diferença entre esses dois artistas é que Resnais vive, transpira e amadurece cada vez mais o seu cinema. Aproveitar isso é como rejuvenescer a cada dia. E para saber  como, é preciso ter relativa desconfiança daquilo que tomamos por definitivo ou pensamos saber. Das ervas daninhas que cultivamos em nossos jardins, vale à pena sempre uma podada. Como fazer a barba ou cortar a grama. E para que nos serve a grama, mesmo?

Das provocações aos impulsos, Resnais vai nos levando pelo filme, desejos adentro. Se por um lado os personagens parecem completamente guiados por seus impulsos; por outro, o uso das cores, do figurino e objetos de gênero, aliados aos enquadramentos e aos movimentos de câmera típicos do diretor, criam situações que brincam e estimulam a toda hora o nosso imaginário. Deliciosamente, "Ervas Daninhas" é um filme de impressões: da cor sobre nós e de nós sobre os mundos que criamos. Seríamos uma fábula ou um lugar comum contraditório, de medos e desejos profundos?

Talvez eu não precise de férias, concordo com a Ju.Talvez eu precise é de cinema: mais, muito mais do que ando consumindo.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Nosso Estranho Mundo de Jack

Em tempos de eleições, declarações absurdas, escândalos e vídeo tapes, nada mais propício que o “nonsense”. Vamos passear na floresta no outro lado da ponte, onde a claridade não penetra. Meus olhos são sensíveis e é lá onde encontro meus mais íntimos amigos, monstros, heróis e mitos. Eles habitam nosso mundo, estejamos acordados ou dormindo.

Outro dia o Gui perguntou se eu tinha medo do escuro. Como mentir para uma criança de quatro anos? Sim, Gui, eu tenho. "Pois é, tu nunca sabes quando um alienígena pode estar em baixo da tua cama, né?" - Ficção a parte, o alienígena é o super-herói dele, assim como o homem morcego.

Relembrei dessa história, quando li sobre o diretor Tim Burton e sua exposição no Moma que virá para o Brasil. Quero ver esses monstrinhos de perto. Será que convido o Gui? Melhor não, pode ser que o Ben10 sinta-se traído e o retalhe por isso, em uma dessas noites, em que estiver dormindo distraído.

Mas eu menti, Gui. Esconder a cara na coberta não faz com que o escuro vá embora. Ele nos habita, estejamos acordados ou dormindo. Com o tempo e com certa regulagem na lente, aprendemos a ver suas nuances e tirar desse escuro arte - o expressionismo japonês e sua dança de butô que o digam. Para quem não viu ainda, indico: Hanami - Cerejeiras em Flor. Mas já aviso, não é terror. Para isso indico a TV.

domingo, 10 de janeiro de 2010

História(s) do cinema 2

Da poesia concreta, não há nada de concreto,barro ou cimento.
É tudo fluído, prédios de som, imagens e pensamentos.