sábado, 13 de março de 2010

Alice

Agora a moda é falar de Alice. Alice para cá, maravilhas acolá. Vão explodir Alices por todos os lados, até desbotar. Até tornarem-na vazia. Mas isso, a história de Alice nunca será.

Adverso do mundo Disney, Carroll nunca foi infantil. Houvesse um romance velado, um desejo secreto, ou uma centopéia falante, de verdade, a verdade sempre teve dois lados. Assim como a história de quem escreve, não é a mesma de quem lê. Uma boa história tem este poder, de desprender-se de seu lugar e acalentar o coração de quem a quiser, esteja onde estiver. É como o alpiste para o passarinho, um bom livro para a alma, que não quer sofrer de inanição, ou morrer antes do tempo, no corpo morno de seu tempo.

Mas é preciso querer. Para viver, é preciso ter vontade alada, alheia e sem arreios. Mesmo sabendo das desvantagens, da corrida sem chegada. Diga-me o significado disto ou serás devorado, será? No fim, todos seremos. Mastigados, triturados, alpistes.

Então, por que a pressa? Aos apreciadores dos mistérios, Alice os convida. Pois, não é a vida, uma grande charada? Estou sem tempo e o tempo sem mim. Para os que não leram Alice, as batatas. Antes de que qualquer prima obra diga o que deves ser, vai e lê. E nesse interim de coisas, entre as descobertas e o fim da linha, é possível que encontres outras passagens, que ninguém conta, ou sabe, ou vê.


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