terça-feira, 17 de maio de 2011

Linguagem satírica adorável

Jean Renoir foi um grande diretor francês que tratava, através de seus filmes, temas humanos, analisando o comportamento em histórias que prezavam sobretudo a qualidade dos diálogos. A Grande Ilusão, de 1937, foi assim. A Regra do Jogo, de 1939, funciona da mesma forma.

O filme A Regra do Jogo teve uma recepção muito ruim à época de seu lançamento. Apesar de ser  uma comédia sobre o comportamento da classe alta na época que antecedera a Segunda Guerra Mundial, seus conflitos amorosos, com excesso de libertinagem sexual, e algumas das questões morais apresentadas pelo roteiro (que foi escrito, em parte, pelo próprio Renoir) talvez estivessem à frente de seu tempo.

A Regra do Jogo demonstra como a futilidade e alguns problemas humanos não são específicos de uma classe social apenas. O roteiro é feliz ao retratar algumas situações e decisões errôneas entre os ricos e os pobres da mesma forma, mas não deixa de ser perspicaz ao mostrar que a maior das diferenças é que os ricos sofrem e erram com classe e elegância (vide a ótima cena final) – o que não deixa de ser uma síntese da sátira presente em todo o filme. A cena da caça, que ocupa um grande tempo de celulose, é uma demonstração perfeita da ignorância criticada acidamente por Renoir.

O filme possui muitos personagens, o que origina um grande número de situações diversas e, consequentemente, recortadas, picotadas em partes, às vezes ficando incompletas. O excesso dessas situações e de outras intrigas, porém, não atrapalha o desenvolvimento dos personagens.

A cena de caça de Assassinato em Gosford Park, de Robert Altman, é uma homenagem direta à toda a sequência de caça de A Regra do Jogo. Altman foi fortemente influenciado pelo filme de Renoir, principalmente pelo seu tom satírico, demonstrando um pouco da importância do filme para o cinema.  

 

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